domingo, 13 de outubro de 2013

A Escritura é a Regra da Vida

por João Calvino

  1. A meta da nova vida em Cristo é que os filhos de Deus exibam a "melodia e harmonia" de Deus em sua conduta. Que melodia? A canção do Deus de Justiça. Que harmonia? A harmonia entre a justiça de Deus e a nossa obediência. Somente andando na maravilhosa lei de Deus podemos estar seguros de nossa adoção como filhos do Pai. A lei de Deus contêm em si mesma a dinâmica da nova vida por meio da qual Deus restaura Sua imagem em nós; mas devido a sermos, por natureza, preguiçosos e negligentes,  necessitamos, portanto, da ajuda e do estímulo de um princípio que nos guie em nossos esforços. Um sincero arrependimento de coração não garantirá que não nos desviemos do caminho reto. E mais, muitas vezes nos encontramos perplexos e desconcertados. Busquemos, pois, nas Escrituras o princípio fundamental para reformar e orientar nossa vida.
  2. A Escritura contêm um grande número de exortações e, para tratar com todas elas, necessitaríamos de um grande volume. Os pais da igreja têm escrito grandes obras sobre as virtudes que são necessárias na vida cristã. São escritos de um significado tão valioso que nem os eruditos mais hábeis poderiam esgotar as profundidades de uma só virtude. Entretanto, para uma devoção pura, não é necessário ler as excelentes obras dos pais da igreja, mas entender somente a regra básica da Bíblia. 1
  3. Ninguém deveria concluir que a brevidade de um tratado sobre a conduta cristã faz que os escritos elaborados de outras pessoas seja supérfluos ou que sua filosofia tenha pouco val, os filósofos estão acostumados a falar dos princípios gerais e de regras específicas, mas a Escritura tem a sua ordem própria. Os filósofos são ambiciosos e, por conseguinte, apontam a uma esquisita claridade e uma hábil ingenuidade; mas as Escrituras têm uma formosa precisão e uma certeza que sobrepassa a todos os filósofos. Os filósofos a princípio fazem demonstrações comovedoras, mas o Espírito Santo tem um método diferente (direto, fácil e inteligível), no qual nada deve ser subestimado. 2
 1. Aqui, Calvino insere: "Não sou a pessoa certa para escrever copiosamente, já que amo ser sucinto. É provável que eu tente isso no futuro; de todas as formas, deixarei esta tarefa a outros."
2. Evidentemente Calvino está pensando aqui em 1 Co 1.3

(Tradução livre a partir do livro "O libro de oro de la Verdadera Vida Cristiana" de Grandes Clásicos Cristianos.)
Descrição: Publicado em 1550 em latim e francês, com o título De Vita Hominis Christianiti, e traduzida em diferentes idiomas a longo das gerações, esta obra de João Calvino é um dos clássicos devocionais da literatura protestante, junto com a imitação de Cristo de Kempis e o Manual de Reforma Interior de Gerald Zerbolt. Não obstante, a obra de Calvino adota um enfoque distinto ao focar-se, de uma maneira especial, nos aspectos eminentemente práticos da vida cristã, tomando assim a linha mais realista manifestada por Jesus Cristo mesmo: Não rogo que os tires do mundo, mas que os livres do mal (Jo 17.15). Podemos afirmar, pois, que o Livro de Ouro da Verdadeira Vida Cristã contêm em sua essência todo o gênio da Reforma, no que concerne a consolar o coração, inspirar a mente e fortalecer a vontade.

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