terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Santidade é o Princípio Chave

por João Calvino


  1. O plano das Escrituras para a vida de um cristão é duplo. Primeiro, que sejamos instruídos na Lei para amar a retidão, porque por natureza não estamos inclinados a fazê-lo; segundo, que aprendamos umas regras fáceis mas importantes, de modo que não desfaleçamos nem nos debilitemos em nosso caminhar. Das muitas recomendações excelentes que faz a Escritura, não há nenhuma melhor do que este princípio: "Sede santos porque Eu sou Santo". Quando andávamos espalhados como ovelhas sem pastor, e perdidos no labirinto do mundo, Cristo nos chamou e nos reuniu para que pudéssemos voltar a Ele.
  2. Ao ouvir qualquer menção de nossa união mística com Cristo, deveríamos recordar que o único meio para consegui-la é a santidade. A santidade não é um mérito por meio do qual podemos obter comunhão com Deus, mas um dom de Cristo, o qual nos capacita para estarmos unidos a Ele e a seguir-lhe. É a própria glória de Deus que não pode ter nada a ver com a iniquidade e a impureza; portanto, se queremos prestar atenção ao Seu convite, é imprescindível que tenhamos este princípio sempre presente. Se no transcurso de nossa vida cristã queremos seguir aderidos aos princípios mundanos, para quê, então, fomos resgatados da iniquidade e da contaminação do mundo? Se desejamos pertencer ao Seu povo, a santidade do Senhor nos admoesta a que vivamos na Jerusalém Santa de Deus. Jerusalém é uma terra santa, portanto não pode ser profanada por habitantes de conduta impura. O salmista disse: "Senhor, quem habitará em teu tabernáculo? Quem morará no teu monte santo? Aquele que anda em integridade e faz justiça, e fala a verdade em seu coração." O santuário do Santíssimo deve manter-se imaculado. Ver Lv. 19.2, 1Pe 1.16, Is 35.10, Sl 15:1-2 e 24.3-4

(Tradução livre a partir do livro "O libro de oro de la Verdadera Vida Cristiana" de Grandes Clásicos Cristianos.)
Descrição: Publicado em 1550 em latim e francês, com o título De Vita Hominis Christianiti, e traduzida em diferentes idiomas a longo das gerações, esta obra de João Calvino é um dos clássicos devocionais da literatura protestante, junto com a imitação de Cristo de Kempis e o Manual de Reforma Interior de Gerald Zerbolt. Não obstante, a obra de Calvino adota um enfoque distinto ao focar-se, de uma maneira especial, nos aspectos eminentemente práticos da vida cristã, tomando assim a linha mais realista manifestada por Jesus Cristo mesmo: Não rogo que os tires do mundo, mas que os livres do mal (Jo 17.15). Podemos afirmar, pois, que o Livro de Ouro da Verdadeira Vida Cristã contêm em sua essência todo o gênio da Reforma, no que concerne a consolar o coração, inspirar a mente e fortalecer a vontade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário