quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sobre o Autor do Jejum

por Lewis Bayly

Quem primeiro ordenou um jejum foi Deus no paraíso e com ele foi relacionada a primeira lei formulada por Deus, quando ordenou a Adão que se abstivesse de come o fruto proibido. Deus só pronunciou e escreveu Sua lei com o Seu povo praticando jejum (Levítico, capítulo 23), e em Sua lei ele ordena que todo o Seu povo jejue. É o que também nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo ensina a todos os Seus discípulos sob o Novo Testamento, assumindo o jejum como prática normalmente aceita (Mat. 6:17; 9:15). Pelo jejum religioso o homem chega perto da vida dos anjos e do cumprimento do que é expresso na Oração do Senhor: "seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu". A verdade é que a própria natureza parece ensinar este dever ao homem, dando-lhe boca pequena e garganta estreita, pois a natureza se contenta com pouco, e a graça se contenta com menos. Em nenhum outro aspecto a natureza e a graça concordam melhor do que no que se refere ao exercício do jejum religioso, pois esta prática traz estes benefícios: fortalece a memória e aclara a mente; ilumina o entendimento e refreia os sentimentos; mortifica a carne, impede doenças e mantém a saúde; livra dos males e proporciona toda espécie de bençãos. Pela quebra deste jejum, Adão foi derrotado pela serpente e perdeu o Paraíso. Mas, por observar o jejum, o segundo Adão venceu a serpente e nos restaurou ao céu. Foi o jejum que, na arca, cobriu de segurança Noé, que a intemperança descobriu, e o largou na vinha. Pelo jejum Ló apagou as chamas libidinosas de Sodoma, que a bebida reascendeu com o fogo do incesto. O jejum religioso e a conversação com Deus fizeram o rosto de Moisés brilhar diante dos homens, ao passo que o comer e o beber idolátricos fizeram os israelitas parecerem abomináveis à vista de Deus. A prática do jejum arrebatou Elias numa carruagem angelical para o céu, ao passo que o voluptuoso Acabe foi enviado num carro de sangue para o inferno. O jejum fez Herodes acreditar que João Batista viveria após a morte graças a uma bem-aventurada ressurreição, ao passo que, depois de uma vida de costumes inveterados, esse rei nada pôde prometer a si mesmo senão a morte eterna, a destruição eterna. Ó divina ordenança de um divino autor!


Extraído do excelente livro "A Prática da Piedade" de Lewis Bayly publicado pela Editora PES.